quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Superiores


“O alemão é frio!”

“Concordo. Outro dia, na Alemanha, meu filhinho tentou captar os olhares de umas alemãs e não logrou êxito.”

“E eles falam de um modo tão bruto...”

“Também...o que tem na Alemanha? Linguiça, cerveja e porco.”

“É. Deve ser por isso! Por outro lado, eles são eficientes. Tudo funciona.”

“Ah, isso é. Entretanto, eu me pergunto se isso compensa aquela frieza toda. Você já viu como eles falam com as crianças?

“Inaceitável. Sou mais o nosso jeito caloroso, apesar de tudo.”

Escuto e leio com frequência diálogos do gênero acima nos artigos de revistas brasileiras. Viajamos, observamos os de lá, até elogiamos, e depois, bem no final, dizemos o quanto somos afetuosos. 

Parece-me que por mais inclusivo que seja o senso de comunidade desenvolvido pelos alemães, e, por mais que as novas gerações tenham revolucionado o legado dos antigos, os alemães parecem estar condenados a se assemelharem, de alguma maneira, aos estereótipos ligados ao austríaco H., antes de serem comparados a Beethoven, Goethe, Kant etc. 

Talvez porque numa curta distância, quase todos possam reconhecê-los, enquadrá-los, e, finalmente, sentirem-se de algum modo superiores.

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