terça-feira, 18 de setembro de 2012

Esse blog já tá qualquer coisa, ele já tá pra lá de Marrakesh


A apenas algumas horas da Europa, porém num outro continente, um labirinto de cheiros, texturas, casas, comércios, praças, restaurantes, casas de banho, museus, motos, bicicletas, carroças e inúmeros transeuntes de falas ininteligíveis compõem o cenário ébrio da medina de Marrakesh. 

Mendina, na língua árabe, significa cidade, e, é onde acontece de tudo: contação de história árabe (não entendi nada mas achei lindo), venda de comida, e de artefatos variados; e em todo canto o estrangeiro escuta línguas confusas; a medina poderia ser uma versão horizontal da torre de babel.  

O transeunte, por melhor senso de orientação que tenha, está predestinado a se perder. Se não o fizer, é como se não tivesse compreendido algo. 

Nos souks, como são conhecidos os mercados, qualquer idioma soa coerente aos comerciantes.

"Combien ça coût? How much? Quanto custa?" 

"Good price." 

"Ok. How much?"

"Cheap." 

E convidam para entrar. A negociação faz parte da cultura. O preço inicial nunca é real, talvez nem o último.

"This is not cheap." O turista reluta.

"How much is your price?"

E por aí vai...

Se você for do tipo sério, que gosta de segurança, e prefere as regras ao jogo da barganha, o lugar mais indicado para compras é o mercado artesanal onde os preços são fixos. Lá os vendedores não assediam o consumidor, não tem o burburinho nem os cheiros dos souks (comércios); talvez por isso seja monótono. 


A cada esquina, o cheiro de hortelã dos bules de chá, a exibição de tâmaras, figos, pêssegos, e a fumaça das panelas convidam para uma pausa.  



"Tajine ou couscous?"


"Tajine de legumes ou de galinha?"

"Côtelette ou viande? Carneiro ou carne de vaca?"

Não importa o que vá comer, será delicioso. No Marrocos, é tradicional comer com a mão direita (mais especificamente com três dedos: o fura-bolo, o maior de todos e o cata piolho); os pratos são compartilhados, mas não se pode invadir o espaço do outro (isso era confuso pra mim); a mão esquerda é pra limpeza, por isso, evite cumprimentar as pessoas com a dita mão (ou dar alguma coisa, um pedaço de pão ou um chá) pode soar ofensivo.

Assim como para os católicos, o domingo é dia de folga, a sexta-feira, no Marrocos, é o dia de descanso; vários souks fecham e, em geral, se come couscous marroquino. 

Nem só de mercado e comida é composta a medina. Há também vários museus e sítios históricos para visitar: Badie Palace, Dar Si Said, Ben Youssef Medersa, Bahia Palace, the gardens of the Koutoubia, the Saadian tombs e a Djemaa El Fna, praça princial. Com exceção dos três últimos, os demais merecem uma visita guiada, pois há dados que só um guia local pode fornecer, por mais que se tenha pesquisado na internet.

Embora o Marrocos tenha sido objeto de inúmeras invasões e dominações, o país ainda contém diversas etnias, de caráter original, dentre nômades, árabes, berber; a religião predominante é o islamismo, e há dois idiomas oficiais: o árabe e o berber, porém a língua francesa é largamente falada e ensinada nas escolas. 

A cultura berber foi a que mais me impressionou, pois fui informada que ao serem desafiados em invasões, eles não usavam armas e logo levantavam os braços para provar isso; não temiam. A alcunha berber não é oficial, ficou assim conhecido pelo fato de falarem de modo berberberber... e logo os invasores os chamaram de bárbaros; o nome oficial desse povo é amazigh, que significa livre, como todos deveríamos ser. 

"Como fui parar lá no Marrocos, se estava morando na Alemanha?" 

Maktub.

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