quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Depois do bofete… um extra-terrestre

Há duas semanas, narrei o dia que fui acometida do impulso de dar um bofete, e esse foi um dos posts mais comentados; como se aquela experiência tivesse  provocado no leitor alguma simpatia, que nenhum outro post, embora tivesse sido mais acessado, foi capaz de tirá-lo da inércia e registrar o seu (des)encantamento.

Imediatamente algumas reflexões levantaram a voz: é impressionante como temos uma tendência (ou talvez eu tenha e esteja incluindo você nessa) a divulgar uma experiência na qual fomos vítimas de uma injustiça, e como essa experiência tem o poder de alterar o comportamento humano. 

Naquela ocasião, eu cheguei a pensar em registrar no livro de atendimento ao público o modo como fomos tratados, porém não o fiz porque confesso que faço parte do grupo do deixa disso, em matéria de dedurar ou enredar; a verdade é que acho que a pessoa colhe o que planta e eu não preciso ficar cultivando sentimento de vingança, e depois (pior) ficar imaginando que a pessoa foi demitida pela minha incapacidade de digerir uma rispidez, como se eu nunca tivesse tratado alguém mal; e agora a pessoa está voltando para casa do pai que batia nela etc. (Sim a minha imaginação é capaz de loucuras, não lembra o bofete? Até hoje me lembro do cenário dramático).

Não que eu queira angariar mais comentários esticando a história, a questão é mais sutil. Por favor, veja se me faço clara.

Na segunda etapa da renovação do visto, também chegamos um pouco antes da hora marcada, conferimos os documentos, e após quinze minutos fomos atendidos; o rapaz do atendimento nasceu para lidar com pessoas. Explicamos a situação e solicitamos a renovação do visto. Ele disse que tudo seria resolvido rapidamente e que enquanto isso teríamos um documento intermediário de morador, para que ficássemos tranquilos, enquanto o documento permanente seria confeccionado. 

Saímos de lá impressionados com o carisma do funcionário e, melhor, com tudo resolvido!

A questão sutil foi: não me passou pela cabeça escrever no livro de atendimento ao público sobre o referido servidor, talvez eu nem escrevesse um post a respeito se não fosse o incômodo que senti ao me dar conta de que eu quis gritar para o mundo o quanto fomos destratados há duas semanas, e, no entanto, não me ocorreu o mesmo quando algo amável aconteceu.

Fiquei imaginando um extra-terreste observando as duas cenas e levando um relatório à nave mãe: "o ser humano é estranho…"




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