domingo, 17 de julho de 2011

Out of coffice

Estava tudo certo, rotina estruturada e escrevendo com disciplina. Mas a vida tem as suas nuances, impropérios e caprichos. Olha para um lado, olha para o outro e cochicha:

“Sai da zona de conforto.”

A música está alta e ninguém escuta nada. Ela não desiste e, feito uma traficante a mando dos Deuses, disfarça-se de taxista e conduz o ouvinte àquela rua de sonhos; passa devagar, e tudo brilha. A partir daí, ou melhor, a todo instante, não se tem o controle de mais nada. Ninguém sabe explicar exatamente como tudo aconteceu, mas está tudo programado para realizar aquele sonho antigo. Pra facilitar, ela põe no caminho uma amiga que organiza os detalhes.

Sem dizer nada, a pessoa que escreve com freqüência naquele coffice (café-office) não compareceu mais; aquela cena rotineira deu uma pausa. E há alguns dias ela faz parte do cenário chinês e já se sente bem entre os locais, apesar de não falar mandarim, além de umas poucas palavras.

A propósito, ela pediu pra avisar que volta.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

A louca da casa

Esse é o título do livro da escritora espanhola Rosa Montero, que se inspirou na frase de Santa Teresa de Jesus que, por sua vez, se referia à imaginação, como sendo a louca da casa.

Cai entre nós, Santa Teresa de Jesus (in memoriam) e Rosa Montero (escritora renomada e ativa) poderiam chamar a imaginação como quisessem, pois sabiam que “ela” viria de qualquer maneira.

De minha parte, adoraria ter essa intimidade com a senhora imaginação, a quem eu chamo de deusa, musa, ou entidade, e a quem eu jamais vi a olho nu.

Se vi, ela não tem forma; deve ser destilada ou dissimulada e anda livre a inspirar quem ela considere pronto.

Pronto é uma qualificação apropriada, nesse caso, porque não tem definição precisa. Está pronto quer dizer que não está cru, ou não está passado, pode está bom pra uns e pra outros, não; semelhante a dizer que uma fruta está de vez. É agora, pode ser a vez.

Lamento informar.

Aquela entidade não seria a louca daqui de casa.

Por outro lado, escrever, por si só, parece um ato insano e que, sem prescrição específica, traz sanidade.

“Contraditório!”

“Leitora, se você comentou é porque ainda está aí.”

“Confuso.”

“Aguenta só mais um pouquinho; que estou ficando pronta.”

(Santa Teresa de Jesus, se a senhora estiver me ouvindo, ou melhor, lendo, empreste, por obséquio, a sua doidivanas extravagante, antes que a leitora perceba que, às vezes, me sinto uma fraude).

Depois de deixar as compras para um jantar especial em casa, parti em busca da minha pesquisa do dia; a descobrir quem era a louca da casa.

Tudo aconteceu num café que, às vezes, uso de escritório, onde também faço as pesquisas de campo. Todos os frequentadores atípicos estavam presentes, o que me surpreendeu, causando desconfortável frisson.

Não demonstrei sentimentalidades, fiz cara de quem está gostando e comecei a perguntar aos comensais.

“I am new in town and I am doing a survey about imagination. Do you treat your imagination as part of your brain? Or do you consider an entity?”

“I am sorry. I am busy.”

Apesar do fora, continuei a pesquisa. Com o meu trabalho de campo, já me acostumei a levar fora. No início ficava com vergonha, achando que todo mundo estava olhando; hoje em dia, nem ligo.
Próximo!

"O que o senhor acha de tratar a imaginação como uma entidade?" (in English).

Sou do departamento de psicologia da Universidade de Melbourne e, pelo meu entendimento, não é uma boa ideia.

“Really?” (Essa é minha palavra clichê quando não sei que rumo a conversa vai tomar).

“Recentemente, houve um estudo sobre impotência e ficou constatado que tratar o órgão sexual como um ser independente diminui as chances de êxito.” Respondeu o PhD.

(Santa Teresa de Jesus, onde a sua doidivanas nos meteu?!)

“De modo que tratar a imaginação como uma entidade é dar-lhe um poder que é seu...” Ele continuou (e não parava; procurei o botão do pause, em vão).
Mais gente foi chegando e se juntando para ouvir a conversa; o assunto mudou de rumo; passou a ser sexo, depois drogas, e, pra finalizar, rock’n roll; discutiam se o rock havia acabado com a dança e com a música, em geral; diziam que quaisquer três acordes eram capaz de fazer uma música moderna... e blá, blá, blá.

Nesse momento, resolvi me desligar dali; o máximo que eu fazia era dizer “really?!” e continuava no meu devaneio; mergulhei de cabeça no jantar que eu faria mais tarde para o meu amor.

Flores de abobrinha, recheadas com queijo feta e nozes, passadas na farinha de trigo e depois no azeite quente, de entrada. O prato princiapl seria uma massa salpicada com trufas. Sobremesa: fondant au chocolat. Assim que finalizei o cadápio, recebi uma ligação do meu amor e pensei: “que lindo! Transmissão de pensamento”. Qual não foi a minha surpresa? O meu amor ia ter um jantar de trabalho (segundo ele).

(Suspirei discretamente, escondendo um bufar).

Já não podia me concentrar no jantar nem na minha pesquisa, que já havia se transformado numa conferência pra discutir a influência do rock e da sexualidade no mundo e se isso afetava as questões climáticas... Comecei a buscar literalmente uma saída e logo me dei conta de que sair dali não seria fácil, pois eu estava sentada no canto, cercada por todos aqueles supostos curiosos; e a todo momento era referida como a personagem central da pesquisa(?).

Resolvi, então, pedir o terceiro café, o que me causou um certo delírio de cafeína; no meio daquela situação, rezei ininterruptamente não só a Santa Teresa de Jesus, mas também a todos os santos.

Já não sabia se a ravia era por conta do fracasso da pesquisa, ou se era por conta do jantar tão planejado e adiado. Os pensamentos malévolos brotaram e, em segundos, dominaram o ambiente mental; deles se formou uma história lunática de abandono cruel, revelando uma injustiça de falta de amor, com direito a drama de causas e consequências. Tudo em formato aparentemente real, pois o enredo veio acoplado com uma TV de plasma.

Quando o filme ia passar pela segunda vez, ouviu-se um barulho bruto, e num ato estapafúrdio, dando cadeirada com os quadris em quem estivesse na frente, assustando a todos naquela platéia, ela se manifestou:

“Independência ou morte.” Gritou aquela gorila, que mora por aqui, e cujo espírito é capaz de enfrentar a Pomba Gira.

Todos olharam a gorila, como quem olha um bicho em extinção.

E, pela primeira vez, como de um favor do além, aqueles olhares permitiram que a Conga se visse. Surpreendentemente, tudo se acalmou. Rimos. A louca dessa casa é Conga, que ganhou fôlego ao ser contrariada.

(Santa Teresa de Jesus, para o bem da humanidade, é possível trocar de louca? Aguardo vossa resposta).

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Reviravolta - uma história baseada em fatos reais

Dolores, nascida na Bahia na década de 60, filha de capixaba com baiano, mudou-se com os seus pais, ainda pequena, para o Rio de Janeiro; e com uma mistura de gentileza, rudeza e sagacidade, tornou-se carioca. Àquela época, como a maioria das jovens de baixo poder aquisitivo, sem condições de uma boa educação, começou a trabalhar cedo, abandonando os estudos. Aos 16 anos, ingressou no mercado de trabalho como doméstica, na casa da senhora Olga. A esse respeito, todos diziam a Dolores:

“Você tem que agradecer a Deus por ter conseguido um emprego; e nada de ficar com a cabeça na lua, pensando besteira, sonhando acordada.”

Logo que Dolores chegou à casa da D. Olga, ela recebeu a ordem do dia. Arrumar a casa, lavar, passar, cozinhar e fazer as compras da semana.

Em menos de um mês, Dolores já estava completamente adaptada às tarefas do lar e desceu para fazer as compras. Ao sair do prédio da D. Olga, chamou a sua atenção um oficial da polícia que tinha uma marca de nascença no rosto e cujo nome Dos Anjos estava exposto na farda. Eles se olharam com certa cumplicidade, e o oficial Dos Anjos puxou conversa.

“Está saindo do trabalho? Tem tempo pra um café?”

“Não. Tenho que ir, minha patroa está me esperando.”

“E a moça mora onde?”

Dolores ficou em silêncio desconfiada.

“Só queria te chamar para ir ao cinema; ali, olha.”

“Não posso.” Respondeu, escondendo qualquer interesse naquela voz aveludada, pois havia recebido ordem expressa para não conversar na rua.

No final do dia, D. Olga observou Dolores, encostada na janela, olhando longe; dona Olga estranhou e interrompeu a aparente hipnose.

“Anda sonhando acordada, é? Está pensando em que?”

“Nos anjos...” - respondeu Dolores, rindo de si mesma, por dentro.

“Nos anjos? E o que? Posso saber?”

“Eles aparecem e desaparecem no meio do dia, não é?

“Pra mim nunca apareceram. Se aparecerem, vou pedir pra curar a dor da minha perna, porque os médicos não estão conseguindo curar...” - respondeu Dona Olga, caminhando com dificuldade e olhando para o alto, como querendo encontrar, de fato, algum anjo que lhe curasse a dor da perna.

Nos meses seguintes, o encontro entre os dois repetiu-se quase que diariamente. Dolores já não conseguia esconder a simpatia pelo jovem oficial e aceitou ir ao cinema no final da semana, pois tinha folga.

No dia marcado, na porta do cinema, Dos Anjos a esperava há mais de uma hora; e quando a viu comentou:

“Achei que a moça não vinha.”

“É que tive que levar a minha patroa ao médico.”

“Já foi ao cinema?”

Dolores envergonhada não respondeu.

“Vamos? A moça vai gostar.” O nome do filme é Lagoa Azul”.

Durante todo o filme Dos Anjos segurou a mão da Dolores. Depois da sessão, os dois foram caminhar na areia da praia. Ela estava encantada, acreditando que havia encontrado o homem da sua vida; pai de seus filhos.

Eles pararam e namoraram um pouco; caminharam mais, namoraram mais ainda e, nesse ritmo, caminharam de Copacabana ao Leme. Depois pararam na mureta, que separa a areia do calçadão; ele a afaga, a recosta, a amassa; ela resiste. Ele insistiu, e, num movimento brusco, ambos escorregam e Dolores caiu desmaiada.

Dolores foi despertada pelos pingos de chuva; e sentiu um cansaço no corpo e o assombro de um pesadelo; alguns segundos depois, deu-se conta de que algo ruim lhe passou; olhou a roupa e viu um resíduo de sangue; não conseguiu, de imediato, identificar de onde veio. Chorava enquanto a chuva a lavava. Não sabia se ia para a casa dos seus pais, ou para a casa da Dona Olga.

Aturdida decidiu voltar à casa da patroa; ninguém a veria entrar, pois poderia usar a porta dos fundos. Mais tarde, quando Dona Olga a viu, Dolores ainda estava abatida, porém fingiu dignidade.

Dona Olga não entendeu por que Dolores estava ali naquele horário, mas estava tão impaciente com a dor na sua perna que se absteve de perguntar detalhes, apenas murmurou:

“Os anjos desapareceram?”

Dolores sufocou o choro. Em seguida, D. Olga sugeriu que ela dormisse lá, pois já era tarde, e precisava da sua ajuda para iniciar a mudança, em razão da recém compra de um apartamento. Dolores sentiu um alívio e adormeceu com o seu segredo.

No dia seguinte, embora concentrada na mudança do apartamento, encaixotando os pertences da senhora Olga, a expressão no rosto da Dolores era de quem havia provado o sabor da paixão cruel.

“Viver é perigoso.” - ela pensava. E passou a ficar quase muda; monossilábica. Nos três anos seguintes, sua vida resumiu-se a casa – trabalho – casa.

Nesse meio tempo, conseguiu terminar o ensino médio. E no dia da colação, uma amiga lhe apresentou um rapaz que se interessou por ela. Dolores ficou temerosa, porque não sabia se teria que explicar algo sobre o ocorrido, até porque não saberia explicar nada.

Dolores e José, o novo rapaz, começaram a namorar e meses depois ele a pediu em casamento; e dele nasceram três filhos: Carlos, Jane e Kelson.

Depois de quinze anos de casada, o seu marido perdeu o emprego e começou a beber desenfreadamente. O ambiente familiar tornou-se sombrio e para evitar danos maiores, ela se separou. Voltou a trabalhar o dia inteiro, na casa da Dona Olga, e sustentou os filhos, até que cada um tomasse um rumo profissional.

Carlos, o mais velho, ingressou para a polícia; Jane começou a costurar e vender as roupas para lojas de grife; e o mais novo tornou-se aprendiz de mecânico.

Alguns anos mais tarde, coincidentemente num período de natal, Dolores com a ajuda dos filhos, comprou a própria casa e saboreava a estabilidade familiar.

“Casa e filhos encaminhados. Que mais posso querer?” - refletia contente.

Naquele final de ano, os irmãos Jane e o Kelson saíram para comemorar aquisição da casa nova e o novo emprego de mecânico do jovem Kelson. Na saída do baile, um policial, aparentemente alterado, os agrediu, querendo revistá-los.

Jane e Kelson decidiram ir à delegacia denunciar o policial. Tudo foi devidamente registrado; e as medidas processuais foram tomadas.

Ao receber a intimação, o policial, de nome Camilo, ficou irritadíssimo, pois estava prestes a ser promovido e ainda teve que aguentar a chacota dos colegas de trabalho. Em resposta às piadas, declarou em alto e bom som:

“Isso não vai ficar por isso mesmo.”

No dia seguinte, Dona Olga recebeu uma ligação da Dolores, deixada na secretária eletrônica:

“Minha patroa, meu filho foi morto.”

Dona Olga foi imediatamente à casa da Dolores e se deu conta de que nunca havia visitado a pessoa que tinha sido fiel ela a vida inteira.

O cenário era caótico; todos chorando pela casa, alguns batendo nas paredes, outros rolando no chão; parecia um manicômio com pessoas conhecidas.

D. Olga, ao entrar na sala, surpreendeu-se com a presença do filho mais velho, o policial, pois, até aquele momento, achava que esse era o filho que havia sido morto. No entanto, tomou conhecimento que a vítima tinha sido Kelson, o filho mais novo, que caiu numa emboscada e foi assassinado, no caminho da oficina pra casa.

Em segredo, Dolores pediu a Dona Olga que conversasse com o Carlos, o filho policial, uma vez que ele só falava em vingança.

“A situação é difícil pra todos.” - comentou D. Olga na tentativa de abrir o diálogo com Carlos.

“Eu sei que quem matou o meu irmão; foi o policial Camilo, para evitar a audiência judicial que o prejudicaria. Eu posso resolver esse assunto. Sou policial; sei o que eu posso fazer” – dizia isso revirando os olhos, alterados por tranquilizantes, e atordoado, como todos ali.

“Qualquer medida drástica só vai piorar a situação da sua família.”

“O que a senhora sugere que eu faça? Vá à delegacia e denuncie o policial da festa como suspeito do assassinato do meu irmão? Então, daqui a duas semanas a senhora vem de novo visitar a minha mãe porque vai ter mais um morto.

Dona Olga explicou as regras do convívio social e das punições penais na mais pura crença de que essa explanação acalentasse a sede de justiça do filho mais velho.

Carlos estava tão possuído pelo sentimento de vingança que não conseguia ouvir uma só palavra. Enquanto Dona Olga falava, ele só via os lábios da senhora se mexerem sem que identificasse qualquer som.

No dia seguinte, Olga, ao chegar da fisioterapia da perna, ouviu os recados da secretária eletrônica.

“Minha patroa, meu filho foi preso. A notícia saiu no jornal.”

Olga ligou o computador e acessou o jornal pela internet e percebeu que a explanação jurídica não foi suficiente para saciar a fome de justiça nem sede de vingança. Carlos, filho mais velho da Dolores, foi preso em flagrante por ter matado o policial suspeito de ter matado o seu irmão.

A casa da Dolores estava cercada por repórteres, policiais e advogados; Dolores e Olga combinaram de se encontrar na rua; e quando se viram se abraçaram, sem qualquer formalidade.

Dolores contou que o filho está preso no quartel e pediu ajuda, com um choro tímido.

“Vou ligar para os advogados que conheço e que têm mais experiência no assunto. Vou te acompanhar na audiência.”

Dias depois, Dona Olga foi informada pelos seus amigos advogados que o caso já estava sendo conduzido por uma escritório de advocacia famoso. Ao receber essa informação, entrou em contato com Dolores para saber como estavam as coisas.

“Recebi um telefonema do quartel; já tem um advogado cuidando do caso; não sei quem é; mas se é amigo da senhora fico tranquila. Tenho que ir lá. Meu filho está tendo ataque de loucura; fica repetindo a cena e diz ter visto a alma do policial morto. Dizem que ele anda babando e tudo; está tentando se matar; falaram que se ele não se aquietar vão dar choque nele. Querem transferi-lo para um manicômio, mas a senhora sabe como são esses lugares... As pessoas enlouquecem de vez e não saem mais.”

Olga ficou muda, pois não sabia quem era aquele advogado e tampouco queria complicar o cenário.

No dia seguinte, Dolores foi ao quartel, com D. Olga e outro advogado. Ao entrarem, ela justificou à secretária o motivo de sua vinda. Rapidamente Dolores e seus acompanhantes foram conduzidos à outra sala. De tão envergonhada por tudo que estava passando, entrou e sentou sem olhar na cara de ninguém, apesar de ter ouvido uma voz familiar, possivelmente de algum conhecido policial. Na sala do coronel, para sua surpresa, foi informada de que o seu filho seria transferido para uma clínica particular e que um advogado já estava cuidando do caso.

Dolores não conseguia falar nada. Foi a primeira vez, desde o início daquele caos, que sentiu em um porto seguro e se permitiu não questionar o porquê daquele suposto privilégio, até que o assistente entrou na sala, chamando o coronel pelo nome.
“Coronel Dos Anjos, a transferência que o senhor pediu já está pronta e o acompanhamento individual também.” Falou o assistente, diminuindo o tom de voz, ao perceber um silêncio no ambiente.

Esse nome ecoou na cabeça de Dolores a 500 decibéis. E, pela primeira vez, ela relembra o segredo de sua adolescência; olhou e reconheceu a marca de nascença.

“Por favor, me deixe falar. Esse momento é muito difícil. Rastreei a senhora a vida inteira, porém me faltou coragem pra lhe falar; eu queria que tivéssemos nos encontrado em outra circunstância. Me perdoe Dolores.” Disse o coronel Dos Anjos, com os olhos navegando naquelas lágrimas que jamais poderiam cair nem consertar qualquer coisa.

Para surpresa de todos e quiçá um sentimento de desconforto, Dolores se recuperou de tudo que lhe passou, nunca incitou vingança nem cobrou qualquer recompensa. E, anos mais tarde, quando os repórteres lhe perguntaram como ela se refez, ela respondeu:

“Aceitei a vida com todos os presentes e os vivi com a intensidade de um oceano. Não dá pra mudar o que, às vezes, é pra ser; vingança nunca me alimentou o espírito.”

domingo, 3 de julho de 2011

Fora de serviço, aparentemente

Sim – estamos tentando escrever algo, mas a imaginação deu uma saída.

Não – nós não sabemos quando a ela vai voltar.

Não – nós não sabemos por que está demorando tanto.

Não – nós não sabemos o que motivou a saída.

Sim - continuamos escrevendo todos os dias, porém os textos não têm passado no controle de qualidade da amiga-editora M.E.

Sim – Gregório está desesperado, achando que a sua dúzia de leitores vai deixar o sertão livre.

Não – Greg não morreu; anda mal e tentando aprontar; está sob vigilância 16 horas/dia.

Não – não sabemos como vamos sobreviver se vocês desistirem de visitar o sertão livre.

Não – não foi nossa a ideia de escrever o texto nesse formato de conversa paralela. Na procura desesperada de alguma inspiração, paramos numa loja de conveniência, como último recurso; e lá havia uma máquina de café quebrada, exibindo um aviso autoexplicativo.

Sim – adaptamos a ideia.

Sim – nós pedimos autorização e agradecemos gentilmente o dono da mercearia; o Gregório dele ficou lisonjeado e permitiu que tirássemos uma foto do aviso.

Sim – adoraríamos receber pitacos, ou mensagens de apoio.

Obrigada.

Comunidade invisível do sertão livre